sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Crime e Castigo.


Tenho o costume de devorar rapidamente os livros que leio, mas Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski é um livro que estou saboreando aos poucos. Ele narra a historia de Rodion Românovitch Raskólnikov um ex-estudante de direito, um homem extremamente pobre que após relutar consigo mesmo executa seu tão pensado plano de matar uma agiota.
Um texto com palavras marcantes e um enredo tão envolvente que me senti cumprisse de Rodion, cheguei a sentir náuseas e repulsa, e precisei abandonar a leitura por um tempo. Me senti como se eu tivesse visto o crime, senti o gosto do sangre em minha garganta, senti vontade de gritar com Rodion: “Seu idiota você as matou e eu vi tudo, devia ter te abandonado antes”. Mas o crime está feito e eu não consegui abandona-lo de vez, voltei e o encontrei exactamente onde deixei, doente em seu apartamento. Felizmente não adoeci junto com ele, mas tenho o acompanhado, e meus sentimentos para com ele? A repulsa já passou, eu tenho dó e quero que ele consiga mudar sua vida, quero que ele escape.
Rodion é muito cabeça dura, tenho medo de que ele se entregue, apesar de demonstrar atos de generosidade que nem mesmo ele entende como ajudar uma pobre moça na rua, ele mesmo não se deixa ser ajudado, tem muito orgulho quer as coisas a sua maneira. Acho que muitos de nós somos como ele orgulhosos, calculamos nossas atitudes, lutamos internamente e por fim cometemos nossos crimes, podem não ser crimes de assassinato físico, mas muitas vezes matamos pessoas com palavras, matamos relacionamentos e o que nos sobra???? Um castigo que nos deixa inquietos, um castigo que recebemos de nós mesmos: a nossa própria consciência nos atormentando.
Estou apenas no inicio do livro, não posso garantir que o castigo dele esteja ligado somente a consciência, mas até o presente momento ele escapou de acusações e suas consequencias, mas de si próprio sei que ele não escapou.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Conversando sobre: A Hora da Estrela


Acabo de ler agora: "A hora da estrela" de Clarice Lispector. Ainda estou tonta e não consigo definir essa obra. Tudo o que sei é que deveria chorar a vida e a morte de Macabeá (olha eu entregando a estoria), e por qual motivo meus olhos permanecem secos? Acho que é o chamado comodismo. Nós nos acostumamos com as coisas e como Macabeá acreditamos que tem que ser assim e ponto.

Desde o inicio o autor já nos anuncia o trágico, desde o inicio ele já nos tira a esperança, e assim nós conseguimos sem revolta (como a propria Macabeá) e achamos normal que a vida prossiga ruim.

E a grande tragedia não são meus olhos secos perante a literatura, e sim sua sequidão perante a realidade da propria vida que enxergamos (ou deixamos de enxergar) nas pessoas que vemos diariamente.

Estamos tão indiferentes, tão presos dentro de nós e de "nosso mundo" que não damos a minima atenção para as pessoas até mais sofridas do que Macabeá e que as vezes precisam apenas de um sorriso.

Mas uma coisa me admira muito em Macabeá, ela não sabe que é infeliz, sei que é por isso que ela vive no conformismo, mas também é exatamente por isso que sua existencia vale a pena. Quantos são felizes e não sabem? Acho que a felicidade é uma escolha e ponto. Quem disse que ela precisa estar atrelada a acontecimentos externos e circunstancias? Ela por si só é um acontecimento interno.

Quanto mais a literatura me apresenta as mazelas humanas, eu percebo que elas estão escritas nos olhos que evito encarar diariamente e então percebo duas verdades: 1º É injusto me sentir infeliz, quando coloco meu motivo diante do outro; 2º Mudar esse cenário está em nossas mãos, e o pouco que eu posso fazer somado ao pouco que cada um pode fazer torna-se grande.

Vou terminando as linhas por aqui, mas não termino minha reflexão, porque Macabeá, embora em sua vida tenha passado desapercebida, tem me rendido infinitos pensamentos.